“Na evolução de minha dor grotesca eu mendigava Aos vermes insubmissos Como indenização aos meus serviços O benefício de uma cova fresca*”
O crepúsculo adormece meus sentidos Fardo e convulso suplico A magoa gaguejada de um cretino Que míngua em seu fruto rubro
Suplique ao meu falecer o segredo do meu desafeto Inconsolável fruto agonizante que meu grito vem abafar Pelo sangue que a garganta engrossa e sufoca meu despertar
Nas memórias eterno serei E em profanos sonhos sucumbirei O náufrago de um condenado O orgulho de um descontente Meus restos aos vermes apodrecerão E minhas palavras aos ventos ecoarão
Em lagrimas o gemido se cala Na solitude de uma jornada sombria O eco dos prantos eternos... uma fétida e grotesca carcaça No desfecho da tragédia de uma vida
“A pragmática má de humanos usos Não compreende que a morte que não dorme É a absorção do movimento enorme Na dispersão dos átomos difusos
Não me incomoda esse ultimo abandono, Se a carne individual hoje apodrece, Amanha como Cristo, reaparece Na universalidade do carbono
A vida vem do éter que se condensa, Mas o que mais no cosmos me entusiasma É a esfera microscópica do plasma Fazer a Luz do cérebro que pensa.
Quando eu for misturar-me com as violetas, Minha lira maior que a Bíblia e a Freda, Reviverá, dando emoção à pedra, Na acústica de todos os planetas*”
“*” Augusto dos Anjos.Teksty umieszczone na naszej stronie są własnością wytwórni, wykonawców, osób mających do nich prawa.